Fala, netos e netas desta longa estrada da vida.
Duas boas surpresas: Conheci um blog novo aparentemente muito bom, preciso me debruçar mais sobre ele, e, neste mesmo blog, encontrei um contra ponto aos FII diferente do do Luiz Barsi.
O melhor blog da finansfera é o Ser Rico ou Não. Ponto!Esse blog presta um serviço inenarrável para nós, humildes formigas operárias da nossa ilustre comunidade. Nos divulgando e nos dando chance de conhecer outros blogs. Uns são mais do mesmo, outros são pouquíssimo lidos (como este que vos fala), mas sempre tem os que se superam, o topo da divisão 70/20/10.
Folheando o serricoounao, encontrei um blog desta ultima e especial categoria. E o blog é...
Com certeza inspirado num dos mais antigos, atuantes e prestativos integrantes da comunidade FIRE (
Aposente aos 40), estou falando da
Aposentada aos 30. (Tomara que a minha filha seja a
Aposentada aos 20)
Não sei se ela foi adicionada recentemente ao serricoounao, ou se foi o último post dela que me chamou atenção. O fato é que eu dei de cara com esse post de um pessoa explicando por que ela não investe em em fundos imobiliários.
Feliz surpresa não ler mais do mesmo.
Um dos meus dois leitores mais tarimbados nos jargões estaria esperando a AA30 sacar a carta Luiz Barsi Filho.
Serendipidade!!!
Ela não usou estes argumentos.
Fiz uma crítica muita da cafajeste nos comentários do post original, mais cafajeste que jogador de futebol antes dos anos 2000, que me motivou a fazer este post com uma crítica um pouco mais extensa.
Lembrando, o que fiz questão de lembrar lá, que críticas deste blog valem menos que promessa de político em ano de eleição.
Vou seguir a ordem do post dela, para facilitar.
1) Boa escritora
De cara nota-se que ela escreve bem. Introdução contextualizando, justificativa do post com dilemas para aguçar a curiosidade do leitor. argumentos ao longo da exposição, conclusão e links para posts anteriores e e ramificações para outras discussões. #Método
2) Rendimento de FII não deve ser confundido com TSR.
- Se seu FII dá 1% a.m., no uso fruto, vc não pode usar esses 1% a.m. (concordo)
- Não se pode contar que o preço da cota irá te proteger da inflação (super concordo, essa regrinha de bolso é muito propagada para FII de tijolo: "o rendimento é o aluguel de 1 imóvel que irá se valorizar com a inflação", na prática a teoria é outra).
3) Rentabilidade histórica dos FIIs é igual a rentabilidade do IFIX
- Aqui é complicado discordar, mas eu discordo. Assim como ela, eu sou #TeamETF. E aplicava o racional da cesta passiva de fatores tamanho/valor x liquides utilizada para ações (VWRA, sua linda) tbm para os fundos imobiliários. Porém, nesses parcos anos acompanhando de longe os FIIs, suspeito que o mercado de fundos imobiliários possui muito mais imperfeições que o de ações, muito causado por um player idiota com grande volume nesse mercado: nós pessoas físicas. A alta de 2019 que o diga.
Outro ponto do IFIX é sua composição, 100% tijolo no passado, mais crédito atualmente. Sendo que existem estratégias tanto para tijolo, como crédito, como para investir em FoFs (saudosos FICs).
Não acho IFIX inútil, pelo contrário. Só não acho essa média representativa do conjunto, por isso minhas ressalvas ao utiliza-lo para concluir algo.
Mas vamos suspender a descrença por um instante para seguir.
4) Comparação IFIX vs IMAB: popó (imab) x bambam (IFIX) [1]
Este foi o ponto que me deixou pensativo... "renda fixa" é o novo tio dos imóveis... vc roda roda roda, olha pro lado o cara da RF ta ali do seu lado (se não muitas vezes a sua frente).
Lembrando claro que renda fixa não é fixa. (Fontes, Marilia)
5) "a rentabilidade contratada é garantia de rentabilidade futura, pelo menos até o dia do vencimento do título."
eu sei que ela sabe, mas gostaria de deixar claro com esse termo "garantido". Há o risco de crédito e, tbm, o sistêmico.
6) "E como vimos na tabela anterior, se os FIIs entregaram uma média de IPCA + 3,9% nos últimos 10 anos, você deveria comprar feliz os ativos de renda fixa que, neste momento, estão pagando algo em torno de IPCA + 5% ao ano."
Aqui, apesar de acima ela ter feito as contas tratando os tributos, me deu até vontade de voltar pros FIIs, pois ela cometeu um deslize e comparou IPCA+3,9% (com uma parcela, se não tudo, isento de IR) com IPCA + 5% que tem IR tanto no IPCA quanto no 5%. E, tem uma prova matemática simples que com uma inflação alta, como o IR é sobre o lucro nominal, quanto maior a inflação, o ganho real é dizimado.
Essa comparação não é trivial (até mesmo errada por ser contra intuitivo num primeiro momento) num ambiente de descontrole inflacionário.
7) Renda Fixa indexada a IPCA te protege da inflação.
Essa discussão é boa. Isso está muito errado. Nas limitações de se modelar a cesta individual de produtos de cada CPF, novamente se usa uma média do "consumidor amplo". E não há nada mais catastrófico de se usar uma média até as últimas consequências. A sua inflação (a variação dos preços do que vc consome) é bem diferente do IPCA.
Se vc é uber, o preço das manutenções é um peso enorme no seu orçamento; se vc tem um restaurante ou vende quentinha, o preço dos alimentos e do gás de cozinha, idem. Se vc mora de aluguel, um igp-m de 20% ao ano (aconteceu recentemente) te trará muito dor de cabeça.
Então, pessoal, se seu consultor te protege da inflação com historinha de IPCA... intensifique seus estudos!!!
8) Comprar imóvel físico é melhor que ter FII
Outra discordância!!! Primeiramente, admiro qq pessoa que tenha uma habilidade e consiga monetizá-la. Comprar imóvel barato, ter uma equipe boa e num preço justo para as manutenções. saber lidar com inquilino. Isso tudo não é nada trivial!!! Óbvio que, se vc sabe, vc vai lucar (TIR) muito mais que FII. Mas vc pode quebrar a cara!!! O telhado pode vazar, os canos estourarem, os fios darem curto, inquilino parar de pagar e vc ter que despejar e reformar todo o imóvel, taxas condominiais podem explodir. E não estou falando só de cifras financeiras, mas tbm de tempo... resolver tudo isso dá trabalho. A depreciação é muito silenciosa.
Quem não tem as manhas, não entra não, sem a instrução de um profissional.
9) se for para investir, invista por meio de ETFs.
Aqui é um repeteco do item 3. Concordo na parte de ações (John Bogle, Otavio Paranhos) mas acho q é possível via "stock" picking. Posso estar errado.
E vcs, netos? Gostaram do texto original? Gostaram da minha análise?
Vão manter FII na carteira dps dos pontos da AA30?
Comentem!!!
Bora lá!!!
[1] Talvez os leitores não peguem essa referencia no futuro.
Olá, neto! Não conhecia esse blogroll do ser rico ou não, muito bom! Vou passar a usar também.
ResponderExcluirEu gosto do blog da aposentada aos 30 e deixei meu comentário sobre o assunto lá.
Em resumo, acho que o investidor ativo consegue gerar um alfa bacana em Fiis, especialmente pelo fato q vc mencionou de ser um mercado ainda muito influenciado por pessoas físicas.
Entendo que as emissões de cota são eventos bastante importantes para gerar esse alfa, já que geram uma assimetria interessante de retorno. Especialmente com a possibilidade de cashback nessas emissões.
Gosto de fiis e não deixarei de investir neles.
Uma coisa que volta e meia me preocupa, no entanto, é o risco de tribulação, o que poderia ser um golpe na atratividade do produto.
Por fim, um desabafo: acho uma sacanagem fii nenhum servir como garantia b3 e ainda exigir 150% de garantia na venda a descoberto.
Abs,
Fala, Apoiador, belezinha?
ExcluirTo conhecendo o blog da AA30 agora. Ela escreve bem.
Emissões é algo que se tem que olhar com lupa e precisa entender. Não é ciência da NASA, mas precisa estar atento aos detalhes (e essa sacanagem da kinea só emitir para pessoal do itau???)
Acho que com tributação deve-se ter um ajuste no preço para se "manter" o DY (teoria, claro), mas não me preocupo muito. está no grupo das variáveis não controlo.
esse lance de conta margem, felizmente, nunca usei... rsrs
Abs
Bom dia Neto! Concordo 100% que o blog da Aposentadaaos30 é muito bom! Tem muitas discussões interessantes e de grande importância. Sobre o IPCA+5%aa entendi que ela fez referência a papéis privados isentos de IR (Deb/CRI/CRA). Atualmente existem vários de boas empresas pagando líquido mais que IPCA+5%aa. A desvantagem é que esses títulos tem duração não tão alta ( entre 3-10 anos)... Outro ponto que discordo é em relação é sobre o problema de considerar o IPCA como um retrato da inflação...É claro que a inflação de cada um é diferente do IPCA dadas as características de gastos de cada um, mas na minha opinião, tirando casos onde o IPCA seja artificialmente modificado (safadezas de governo), ao mesmo tempo que algum item importante no nosso consumo pode subir muito acima do IPCA, nós também temos o poder de deixar de comprar algo que subiu demais substituindo no consumo por algo que não subiu tanto ou caiu. Exemplo: Se o preço do tomate estorou, compra outro legume por um tempo ou reduza o quanto você compra de tomate. Esse tipo de ação ajuda bastante a controlar nossa inflação pessoal. No mais concordo com todos os pontos. Minha maior crítica aos FIIs é que parecem algo tão complexo que cada dia aparecem ser um ótimo ou péssimo negócio. Depende demais de vários fatores e concordo que acabam mal influenciados pelos efeitos manadas das sardinhas do mercado. Grande abraço!
ResponderExcluirGrande VVI, tudo certin?
ExcluirCara, não havia me tocado que ela estava se referindo à títulos de RF isentos de inflação, a minha crítica se mantém, mas agora sob outro prisma: não é trivial avaliar risco de crédito de emissores com capital aberto, com capital fechado então... Concentrar toda sua renda fixa, para a comparação matemática ficar correta, nesses títulos sem FGC tbm tem seu risco aumentado. E, como eu disse, há FII que fazem essa diversificação para o cotista. Sim concordo que analisar um a um uma carteira de CRI é um trabalho MT pior que analisar uns poucos que vc vai colocar na sua carteira, aí tem q pesar a diversificação e liquidez.
Entendi quem concorde q o IPVA pode ser um bom índice... mas... faz a conta... Da bem diferente no curto prazo, que é grande problema do casamento de receitas e despesas no usufruto. O risco? Vc perder a IF
Meu ponto é: não se garanta/conforte com o IPVA.
E aí Neto
ResponderExcluirLi o texto da autora do blogue AA30. Tem algumas coisas que eu não concordei. Muito do que eu não concordo tem a ver com uma frase que é mencionada n'O Investidor Inteligente, por um velhinho que realizou o "Sonho americano": "Não me interessa se meus investimentos bateram o mercado ou não, o que me importa é que meus investimentos me levaram a Boca Raton".
- Realmente não é garantido que o valor das cotas dos FIIs de tijolo vá corrigir a inflação, mas eu não considero isso tanto um problema por 2 motivos:
1) Para mim, o valor que paguei nas cotas é um "custo afundado", eu não encaro as cotas dos FIIs como um ativo disponível para venda (a não ser no último caso, último caso mesmo) e só me interessa que o fundo seja multi-imóvel, multi-inquilino, a vacância seja baixa, o aluguel esteja sendo pago todo mês, e o fundo não esteja fazendo rolos para pagar aos quotistas (ex: vendendo imóveis ou fazendo emissões ou tomando empréstimos para manter o valor do aluguel por cota, ao invés de encarar a realidade e reduzir o valor pago) :::: esse é um motivo pessoal, que outras pessoas podem não concordar. De qualquer maneira é o que eu penso em relação aos FII.
2) Pode até não "casar" com o IPCA, mas nem o IPCA nem o IGP-M são índices perfeitos que refletem a realidade, e acho que tudo o que tem valor ao menos tende a atualizar seu preço conforme este valor no longo prazo. Exemplo: a cotação de HGLG11 hoje está em R$ 166,00 - se ocorrer uma hiperinflação de modo que em pouco tempo esses R$ 166,00 passem a comprar somente 1 bala juquinha na padaria, eu duvido que neste cenário você consiga comprar 1 quota de HGLG11 pelo preço de uma bala juquinha - o preço da cota pularia para a casa das centenas de milhares de reais. Entende o que eu quero dizer? Além disso, como você mesmo escreveu, cada um tem a sua inflação.
Enfim, sobre os valores das cotas andando de lado, eu tenho algumas teorias, mas uma delas é que o mercado os precifica de modo a fazer com que os DY dos fundos mais redondinhos tendam a permanecer um pouco acima da taxa livre de risco, e o DY dos mais arriscados pagando um pouco mais (e com isso suas cotas tendem a custar menos e/ou seus aluguéis por cota são maiores) :
HGLG11: R$ 1,10 por cota / R$ 166,70 = 0,6598%am (multi-imóvel, multi-inquilino)
VILG11: R$ 0,60 / 91,82 = 0,6534%am (multi-imóvel, multi-inquilino)
NSLU11: R$ 1,55 / 193,21 = 0,8022%am (monoimóvel, monoinquilino, bastante sujeito a intervenções judiciais, portanto mais arriscado, a meu ver)
A precificação dos FIIs é um assunto interessante para um futuro post, para quando eu tiver mais tempo para escrever...
Uma crítica válida aos FIIs é a questão de serem usados muito mais em benefício dos gestores do que dos cotistas, mas isso me parece ser o padrão para praticamente todos os produtos financeiros que são geridos por alguém que não o próprio investidor. (Poderiam dizer que com ETF seria diferente, devido às taxas baixas)
Sobre os ETF, e pegando gancho com o que escrevi acima, ainda acho melhor comprar somente as ações que eu quero, e se eu gostar muito da carteira de um ETF eu posso comprar as mesmas ações (claro que vou ter um custo inicial de corretagem, mas depois disso acabou, pois sou buy&hold)
Pelo jeito de escrever da autora ela parece ter sido funcionária de banco, corretora ou de "casa de análise" e ainda não abandonou os maneirismos do antigo emprego. Sei lá, acho uma maneira muito "planilha de excel" de ver a vida. Mas é só a minha opinião.
Grande Mago, muito boas suas considerações, me permita uma réplica:
ExcluirFII são ótimos e há pessoas físicas sim que conseguem ganhar acima.da média com eles ( mais que com ações). Mas aqui é o trade off: pra que estudar, tomar risco se o tem ali um título do tesouro rendendo (pela AA30) mais que a média dos FIIs? É uma pergunta muito válida, pois é uma estratégia muitíssimo mais simples. A própria Carol, do jornada fire comentou que tbm percebe que os FII rendem só um pouco a mais.
Quanto aos índices de inflação convergirem no futuro, entendo a lógica, mas sou cético. Sempre escuto que o IGP-M é uma antecipação do IPCA, mas no gráfico nota-se a diferença. Mas vamos supor que confirmam no.longo prazo . Ok, mas se depender do longomprazo pra convergir, não se torna um ativo bom na fase de uso fruto, justamente pelo descasamento de curto prazo. É o que eu quero agora, me semi aposentar, ja ter renda (por isso dos FIIs) pingando todo mês de forma estável. Se vc estiver no início da acumulação, blz, espere convergir.
Concordo com o q vc falou de 166 reais serem a grana do caldo de cana e do pastel a cota não vai mais custar 166 reais, perfeito. Mas.comk eu disse no curto prazo isso não é percebido (isso pra mim janta comprovado empiricamente).
E Qt ETF vs Stock picking... É a discussão de sempre. As.vantagens do ETF me seduzem mais.
Grande abraço, Mago.
Neto,
ExcluirResumindo, mercado financeiro tem uma diversidade de classe de ativos com comportamentos econômicos de acordo ao recorte geográfico e/ou temporal, como o que aconteceu e onde aconteceu. E nisso pode pegar vários fatores que influenciam nos ciclos do mercado.
Fala, C&P.
ExcluirSim temos uma gama de muitos produtos, por isso o KISS é tão importante. Keep It Simple, Stupid
rs