Prezados, Netos e Netas...
Continuando as minhas reflexões de botequim sobre este assunto, organizando as ideias complexas em partes mais simples, cheguei à conclusão (que outros já devem ter chegado tbm) de que vc precisa conhecer 3 curvas apenas:
- Patrimônio ou Poupança ou Recursos Acumulados ou Fundo Previdenciário
- Renda ou Receitas ou Entrada de Recursos
- Custos ou Despesas ou gastos ou Saída de Recursos
Aparenta ser óbvio, mas o óbvio às vezes precisar ser evidenciado.¹
Vai ter uma fase da sua vida que vc vai/deve (se esforce para isso principalmente na fase mais jovem) ganhar mais que gastar. Essa sobra deve ser investida para o seu futuro.
E quando chegar a fase de se aposentar/independência financeira (viver do seu patrimônio), os gastos serão maiores que sua renda ativa, e aquele colchão criado ao longo de toda uma vida, ou mesmo em apenas alguns anos para os mais disciplinados e/ou sortudos, irá manter a sua sobrevivência, dignidade e auto estima, no que se tratar da parte financeira.
Ou seja, apesar de uns serem Escola Renata Barreto (foco nos ganhos e no aumento da produtividade e do seu homem hora) e de uns serem Nathalia Arcuri (foco na redução gastos), [falei um pouco sobre elas tbm nesse post] a grande verdade é que, independente do como, durante toda a sua vida vc tem sim que controlar as 3 curvas (Receitas, Gastos e Patrimônio Acumulado!!!).
Aqueles que querem ser bem sucedidos no plano previdenciário, devem, na parte financeira, manter os ganhos acima dos gastos o maior tempo possível e na maior diferença possível, para que esse saldo cresça e te proporcione uma fase da vida segura financeiramente (uns chamam de aposentadoria, outros de liberdade financeira, uns até de independência financeira, bem como de tranquilidade financeira).
O fato é o seguinte, essas 3 curvas estão fortemente ligadas!!! Eu sei que dinheiro não é tudo, mas é um pilar importantíssimo para a vida na sociedade atual e vc precisa dominá-lo, ter controle sobre ele. Para isso, vc precisa entender como eles se relacionam.
"Mas, Neto, o papel aceita tudo (planilhas tbm, ô)!!! Não dá para prever a sua vida toda até os 100 anos!!!"
Sim sim, e para isso, minha estimada meia dúzia de 3 ou 4 leitores, vamos a mais uma frase de efeito:
Todos os modelos são errados, mas alguns são bastante úteis.²
Vamos a um exemplo ilustrado de um planejamento previdenciário simples:
- Um jovem de 20 anos;
- Salário líquido inicial 72k anual;
- Despesa inicial de 36k anual; (capacidade de gerar poupança de 50% do salário)
- Promoções de +30% no salário aos 25, 30, 35 e 45 anos;
- Filhos aos 27, 33, 38 anos, com os aumentos de 100%, 50% e 20% respectivamente nos seu custo mensal;
- Filhos saem de casa aos 25 anos de idade, reduzindo em 20% as despesas;
- Inflação anual de 3%;
- Crescimento patrimonial 2% acima da inflação;
Com os dados acima, o nosso personagem, vou chama-lo de Netinho, tem o seguinte futuro planejado (valores nominais):
Pode-se ver que netinho se aposenta com 51, ao atingir um patrimônio de um pouco mais de 4 milhões e vem a falecer aos 100 (arbitrado para essa simulação) deixando uma herança de 2 milhões (para seus herdeiros ou instituições de caridade). Não chega a ser um "aposente aos 40", mas podemos considerá-lo um candidato a modelo de FIRE.
O efeito inflacionário faz parecer que as quantias são muito alta: 4 milhões de patrimônio ao se aposentar e 2 milhões de herança. Esses valores, desconsiderados a inflação, ou seja, ao poder de compra do início do gráfico seriam por volta de 1,7 milhões e 182k respectivamente. (sim, senhoras e senhores, aquele pastel da feira de 5 reais, nesta simulação vai custar 12 reais em 30 anos, 16 reais em 40 anos e 22 reais em 50 anos se a inflação anual for só de 3% - te falar que para infelicidade do brasileiro médio, receio estar sendo conservador, se tratando de terra brasilis pós chegada dos europeus).
e se... a inflação for de 4% em vez de 3?
Infelizmente, o patrimônio de netinho não chegará aos 100 anos. Como, na aposentadoria, os custos são maiores que as receitas, o efeito nominal da inflação faz os custos aumentarem mais que as receitas, consumindo mais rapidamente o patrimônio.
Deverá ele na aposentadoria reduzir seus custos, aumentar sua renda, ou aumentar a capacidade de rentabilizar o patrimônio (mas convenhamos que um plano que o proteja até os 93 anos continua sendo muito interessante).
Outras possibilidades seriam postergar a aposentadoria, se aposentar com mais patrimônio, ter menos filhos...
Brincar com o modelo é gostoso (momento nerd) rs.
"ai... Neto... ser escravo dos números é muito ruim, não me vejo tendo ou não filhos por causa do dinheiro"...
Como eu disse, a vida não é 100% grana, mas ela é indispensável na vida, quer queira quer não. E não estou dizendo para ter mais ou menos filhos, mas que as decisões e os acontecimentos na vida amorosa, familiar, profissional têm reflexos na vida financeira. Ação e reação.
Não use apena os números para tomar decisões, mas os conheça e os coloque sobre a mesa quando da tomada, para se ter uma noção dos possíveis impactos e não ser pego de surpresa ou mesmo quando for tarde demais.
Acho que muito do que escrevi não é novidade para alguns, para estes reforço que a mensagem do texto é:
1) Planeje-se até o fim de sua vida! (não precisa ser nada talhado em pedra. Um papel ou uma planilha que vc demorará para fazer na primeira vez e que vc vai revisar anualmente é suficiente).
2) Finanças pessoais se resume a renda ativa, perfil de consumo (gastos) e patrimônio acumulado!!! O "resto" é detalhamento que vai do gosto de cada pessoa.
Pretendo em próximos posts detalhar melhor cada uma das 3 curvas, bem como explorar estratégia previdenciárias e analisar o comportamento de cada uma delas.
E vc, netos? Tem seus gastos equilibrados com as rendas?
Como está o planejamento previdenciário de vcs?
Será que Netinho conseguirá ser feliz financeiramente?
Bora lá!!!
¹ Um professor falava algo parecido.
² Fiquei com preguiça de procurar o autor no google, 😞
Também gosto de brincar com gráficos no Excel! Esse post ficou bem bom, bem explicadinho. É o tipo de coisa que deveria ser ensinado na escola, pelo menos desde a quarta série (por volta dos 10 anos), óbvio que não com gráficos, mas com tabelinhas, histórias em quadrinhos, etc. É realmente um óbvio que precisa ser dito, pois muitos não tem noção e vivem ao sabor do momento. Eu diria que a maioria não tem essa noção ou então acha que vai estar coberto pelo INSS... será que o futuro é ter um exército de mendigos, por conta do mal planejamento financeiro?
ResponderExcluirOpa, Mago, blz?
ExcluirCara, é isso msm. São conhecimento básicos que deveriam acompanhar a gente desde criança. Se não de berço, pela escola realmente seria interessante.
Quanto ao exército de mendigos, rs... eu sou menos cataclísmico: Diria que a esmagadora maioria das pessoas deixou de ter uma vida (bem) melhor por falta de conhecimento e um pouco de empenho.
Abs,