sexta-feira, 4 de março de 2022

O famoso estudo da TSR de 4% !!! [Minhas considerações]

Fala, Netos, como foram de carnaval?

E esse estudo, hein? Uns amam, outros o odeiam!!!

Vamos às minhas considerações.
De cara, me surpreendi positivamente com o paper. Como um texto de 1994 pode ser tão "inovador" aos ouvidos dos brasileiros??? Nossos estudos e literatura sobre o tema ainda estão muito atrasados. Só a finanfera para salvar mesmo!!! rs

O estudo já começa abordando um "erro" muito comum: projetos/projeções baseados em médias podem deixar várias pontas descobertas em caso de a realidade se afastar da média. Mas uma aposentadoria é melhor modelada visando segurança, ou seja, são projetos/projeções que têm que atender ao worst case scenario (Pior cenário).

Mas como prever o pior cenário?

A resposta é simples: Impossível.

Apesar de estarmos bem avançado em algumas áreas da engenharia, sabemos, com razoável previsibilidade, o funcionamento futuro de um carro, de um navio, de um avião ou de um celular, as previsões macroeconômicas precisas são motivos de piadas tanto nos círculos específicos como também geradora de memes de internet.

E como o Bill Benge resolveu esta questão?

Ele pegou o histórico do mercado estadunidense e simulou a aposentaria começando ano a ano no passado (70 e poucos anos à época do estudo, praticamente 1 século atualmente) - período no qual presenciou-se 1 grande depressão e 1 guerra mundial fora outras crises econômicas - e viu que 4% para a primeira retirada anual (seguida de retiradas atualizadas pela inflação) seria seguro, pois em nenhum dos anos os recursos para a aposentadoria durariam menos de 30 anos. Fenomenal!!!

Para se chegar a essa conclusão ele priorizou 2 requisitos: Longevidade e Patrimônio residual.
A longevidade é necessária e inegociável, seu patrimônio tem que existir para te sustentar durante todos os anos de aposentadoria.
E o segundo requisito ele trata como desejável, pois garantindo que seu patrimônio irá durar por 30 anos a qualquer cenário macroeconômico não dá para ser preciso no quanto irá sobrar de patrimônio para seus herdeiros (podendo sobrar muito pouco).

Essa colocação, apesar de simples e lógica, nunca estava clara para mim. Sempre quis um patrimônio para me manter durante a aposentadoria e além disso teria que sobrar X reais para deixar de herança para meus filhos. Hoje eu vejo que meu patrimônio é meu... não é ser egoísta, é encarar a realidade de forma mais pragmática: meu dinheiro vai ter me sustentar em qq crise... se sobrar algo, deixo para meus herdeiros e/ou para a caridade/filantropia.

Outra conclusão interessante é como estar mais focado em renda variável, faz muito bem ao patrimônio no longo prazo. (Isso infelizmente ainda é um pouco questionável no Brasil, pois os juros da renda fixa são muito generosos e a capacidade de se fazer um stock picking vencedor por décadas é muito questionável).

Poderia falar tbm da forma como ele escreveu que tornou o artigo bem "informal", uma leitura não maçante, agradável de se ler até (espero ter mantido esse espírito na minha tradução/versão). E além disso ressaltar que se trata de um texto de Planejador Financeiro (CFP) para Planejador Financeiro (CFP).

Resumo dos ponto positivos:
  • Atentou para o problema das médias e aconselhou usar o pior cenário.
  • Destacou que a longevidade é necessária e deixar patrimônio para herdeiros é desejável.
  • Não precisa se preocupar com a rentabilidade da carteira, desde que não haja nenhum evento cataclísmico pior ao que já aconteceu no último século.
  • Super simples de se aplicar.

Resumo dos ponto negativos:

  • Fez o estudo visando "apenas" 30 anos (FIRE que é FIRE deve querer viver uns 50 ou 60 anos na aposentadoria, rs).
  • Estudo feito com o histórico do mercado dos EUA, histórico "adequado" na realidade brasileira é muito questionável.
  • A necessidade de se rebalancear anualmente a carteira pode gerar alguma ineficiência tributária no Brasil.
  • A simplificação de "custos constantes" na aposentaria requer certa maturidade para se definir com qual valor mensal se quer se aposentar.
Resumo dos erros que li sobre o estudo na finansfera:
  • Os 4% são exclusivos do primeiro resgate, os resgates subsequentes serão "apenas" uma atualização pela inflação deste 1° resgate (Já li que era 4% todo ano).
  • A metodologia apresentada não garante deixar qq patrimônio após o fim da aposentadoria/aposentado, sobra de recursos para herdeiros ou qq destinação é um objetivo desejável (Já li que o método visava deixar patrimônio residual).
E vcs, pessoal? O que acharam do paper?

Quais pontos positivos vcs poderiam destacar? Quais pontos negativos?

Como vcs estão planejando a aposentadoria de vcs?

Bora lá

2 comentários:

  1. Entendo que a estratégia é mais para dar "um norte" para o investidor, uma noção mais básica de um cálculo complexo, visto que, que cada um tem sua TSR dependendo do local que mora, estilo de vida, rentabilidade, risco etc. Mas como estudo é realmente interessante.

    Abs
    chavão

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    1. Fala, Chavão, Bem vindo.

      Realmente, é um estudo dependente da realidade do pais onde a pessoa passará a aposentadoria. Achei um paper comparando a realidade dos "4%" de outros países e varia bastante. (mas ainda não li o paper todo, só alguns pedaços).

      Qt a estilo de vida, é uma escolha do qt a pessoa quer gastar na aposentadoria. Esse ponto é um dos pontos dos FIRE que mais fazem pensar, apesar de não ser gastador, acho to longe de ser minimalista.

      Mas discordo um pouco para ser "apenas um norte". Tendo um histórico confiável e dando uma porcentagem aplicável, me parece sim ser um método bem prático e pronto para ser usado. (acho q um senão seria a premissa de despesas "constantes" atualizadas pela inflação ao longo da aposentadoria... na minha cabeça os custos crescem com quesitos de saúde, mas acho que dá pra balancear isso).

      valeu, garoto

      Abração

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